
Em meio aos desafios históricos enfrentados por mulheres na agricultura familiar, o projeto Mulheres e a Cultura do Pinhão surge como uma iniciativa transformadora, que alia inovação, sustentabilidade e empoderamento feminino para mudar realidades. Com foco no manejo sustentável da Araucária – árvore símbolo da Mata Atlântica e espécie em perigo – o projeto utiliza o pinhão, sua semente, como motor para a geração de renda e a promoção da autonomia das mulheres em comunidades rurais.
Com duração total de 36 meses, os resultados alcançados no primeiro ano já demonstram o potencial de mudança para as comunidades rurais da região Sul e parte do Sudeste, onde a colheita do pinhão desempenha papel fundamental na geração de renda.
Mata Atlântica e a conservação da Araucária
Inserido em um dos biomas mais ricos e ameaçados do planeta, o projeto atua na conservação da Mata Atlântica, com foco na Araucária (Araucaria angustifolia) – uma espécie considerada “em perigo” de extinção. Historicamente explorada de forma extrativista, a Araucária necessita de um manejo sustentável que promova a “conservação pelo uso”. Assim, o cultivo do pinhão não só contribui para a preservação da biodiversidade, mas também se transforma em uma alternativa de renda que valoriza o uso dos produtos não madeiráveis da árvore.
Empoderamento feminino na agricultura familiar
Na agricultura familiar, as mulheres frequentemente enfrentam opções de renda limitadas e de baixa remuneração. Geralmente, elas se dedicam ao manejo da terra, aos cuidados com a casa e com os filhos, permanecendo dependentes economicamente dos homens, que tradicionalmente atuam na negociação e comercialização da produção. Ao introduzir o manejo sustentável do pinhão, o projeto cria novas oportunidades de trabalho que promovem a autonomia das mulheres, permitindo que elas assumam um papel protagonista tanto na produção quanto na proteção ambiental.
Duração e metodologia: 36 meses de transformação
Com uma estrutura planejada para 36 meses, o projeto já divulga resultados promissores referentes ao primeiro ano de execução. Essa fase inicial, que inclui a capacitação, organização de associações e implantação de unidades de beneficiamento, estabelece a base para um modelo sustentável de desenvolvimento. O projeto também está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), reforçando seu compromisso com a inclusão social e a preservação ambiental.
Principais atividades e impactos desenvolvidos
Capacitação e treinamento: foram realizados 20 treinamentos que já beneficiaram mais de 300 mulheres, proporcionando técnicas modernas e práticas de culinária com pinhão. Essa capacitação é fundamental para que as participantes possam inovar na preparação e no processamento do fruto, agregando valor aos produtos e ampliando suas possibilidades de renda.
Expansão geográfica e impacto social: o projeto já atua em 15 municípios, com a implantação de 52 áreas destinadas ao cultivo de Araucária. Essa expansão não apenas reforça a importância de políticas voltadas para a sustentabilidade e a conservação ambiental, mas também demonstra a abrangência e o impacto social da iniciativa nas comunidades rurais.
Fomento ao associativismo e à economia local: incentivando a organização de associações para a comercialização de produtos derivados do pinhão, o projeto impulsiona a criação de unidades de beneficiamento. Essa ação gera novas possibilidades de renda para as famílias rurais e promove uma cadeia produtiva mais organizada e profissionalizada.
Instalação de pomares e processamento inovador: são implantados pomares de produção de pinhão precoce em pequenas propriedades, capacitando as mulheres para a seleção de novas matrizes e técnicas de enxertia. Além disso, a implementação de métodos para o congelamento e processamento do pinhão amplia o mercado e agrega valor ao produto final.
Resultados do primeiro ano e perspectivas futuras
Mesmo nos estágios iniciais, o projeto já apresenta resultados significativos:
Geração de renda
O pinhão, tradicionalmente consumido cozido ou sapecado, está ganhando novas possibilidades de processamento – como produtos congelados e farinhas –, o que amplia seu mercado e beneficia a economia familiar.
Empoderamento feminino
Ao promover a capacitação e incentivar o associativismo, as mulheres estão conquistando maior autonomia financeira e assumindo um papel de destaque na cadeia produtiva, contribuindo para uma transformação social profunda.
Sustentabilidade ambiental
Com um manejo sustentável da Araucária, o projeto fortalece a conservação da espécie, garantindo a manutenção de áreas remanescentes e a promoção de práticas que conciliam produção e preservação da biodiversidade.
Mulheres e a Cultura do Pinhão é uma iniciativa que demonstra como a união entre práticas sustentáveis e o empoderamento feminino pode transformar a agricultura familiar e conservar a biodiversidade. Ao proporcionar capacitações, expandir a atuação geográfica e fomentar o associativismo, o projeto está reconfigurando o mercado do pinhão e abrindo caminhos para um futuro mais justo e sustentável para as comunidades rurais da Mata Atlântica.
Compartilhe essa história e inspire outras iniciativas que promovam a inclusão social e a preservação ambiental, reforçando nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável e o empoderamento de mulheres que são verdadeiras protagonistas em suas comunidades.
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