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Insights da COP16: trazendo a biodiversidade para o centro da economia global



No último dia 23 de outubro, tivemos o privilégio de participar do evento "High Level Principles for Integrity and Governance of the Biodiversity Credit Market" na COP16. Reunindo representantes de setores empresariais, financeiros – incluindo o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) –, o Fórum Econômico Mundial, além de acadêmicos e líderes de povos originários, o evento promoveu uma discussão aprofundada sobre a importância de princípios comuns para o mercado de créditos da biodiversidade. 

Este é um breve resumo do que foi abordado, incluindo algumas das principais ideias e reflexões sobre o futuro do mercado de créditos de biodiversidade e seus desafios. 

 

A importância de princípios comuns para créditos de biodiversidade 

Com a crescente urgência de mitigar os impactos da crise ambiental, o Fórum Econômico Mundial, representado por Alessandro Valentini, defendeu o estabelecimento de uma estrutura abrangente que integre padrões relevantes e metodologias de crédito de diferentes origens. O objetivo é promover uma base comum que permita que metodologias de crédito de biodiversidade sejam reconhecidas globalmente, aumentando a transparência e a confiança do mercado. 

Outro ponto importante abordado foi a necessidade de desenvolver estratégias que permitam impulsionar o mercado de créditos de biodiversidade de maneira sustentável e eficiente, sempre preservando a integridade desses princípios. A implementação rápida dessas estratégias é fundamental para garantir resultados tangíveis no curto prazo. A urgência e o compromisso com a transparência e governança foram pontos cruciais de consenso entre os participantes. 

 

Os desafios e a resistência à aceitação dos créditos 

Um dos maiores desafios discutidos foi a resistência à aceitação dos créditos de biodiversidade, mencionada por Sören Muller, do Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha. Apesar dos avanços, ainda há um caminho longo para engajar empresas e governos em torno da importância desses créditos. A solução, segundo Muller, passa por realizar testes práticos que ajudem a validar as abordagens e a engajar as partes interessadas. 

Questão-chave: como justificar mudanças significativas em produtos e processos para empresas de setores variados? A resposta, apresentada como uma alternativa prática, é avaliar a pegada ambiental em termos monetários. Medir o impacto das perdas de biodiversidade de maneira quantitativa permite demonstrar claramente o custo econômico de não adotar práticas mais sustentáveis. 

 

Desafios e potencial para os países em desenvolvimento 

Outro tema relevante foi a perspectiva dos países em desenvolvimento. Muitos ainda discutem uma estrutura legal para os créditos de carbono e biodiversidade, o que representa um desafio significativo. No entanto, há um grande potencial para liderar a agenda ambiental, atraindo investimentos para fundos verdes e iniciativas sustentáveis. Em contextos econômicos menores, a regulamentação de créditos de biodiversidade pode ser uma oportunidade para diferenciar-se e inspirar mudanças globais. 


Governança para comunidades indígenas e a integração de conhecimentos 

Patita Nkamunu, cofundadora e líder de projeto na EarthAcre, compartilhou sua visão sobre a importância de uma governança inclusiva para comunidades originárias. A criação de metodologias e práticas que respeitem o conhecimento indígena é complexa e, como mencionado por Juan C. Pinto, do Ministério do Meio Ambiente da Colômbia, é um processo longo. Integrar essas práticas de maneira significativa não é simples, mas é essencial para que o mercado de créditos de biodiversidade possa ser verdadeiramente inclusivo e representativo. 

 

O custo de não adotar mudanças 

Owain Griffiths, Líder de Economia Circular e Biodiversidade da Volvo Cars, levantou uma questão crucial: qual é o custo de não implementar mudanças na produção? Esse questionamento serve como um poderoso lembrete de que as escolhas que fazemos hoje, em termos de impacto ambiental, definirão as possibilidades futuras para as próximas gerações e para a estabilidade de ecossistemas globais. 


O evento reforçou a necessidade de colaboração entre setores diversos para construir um mercado de créditos de biodiversidade íntegro e inclusivo. Essa cooperação é essencial para que os princípios de governança e transparência sejam fortalecidos, permitindo um impacto positivo a longo prazo. 


À medida que continuamos discutindo e construindo soluções, é fundamental que todos os stakeholders - empresas, governos, comunidades indígenas e a sociedade civil - estejam alinhados em torno de um objetivo comum: preservar a biodiversidade e criar um mundo mais sustentável e justo. 

 

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