Talvez você já saiba que as mudanças climáticas afetam diretamente a diversidade e distribuição de espécies, devido às alterações nas temperaturas e disponibilidade de recursos como a água. Mas você já pensou na capacidade da fauna e da flora de atenuar os efeitos do aquecimento global?
Apesar da dificuldade em avaliar métricas de biodiversidade a nível continental - como é feito para estudos do clima - já se sabe que ela amortece os distúrbios das mudanças climáticas em uma escala local, conferindo maior capacidade de absorção das alterações, conforme estudo de 2018 publicado na Bioscience (Is biodiversity able to buffer ecosystems from climate change?).
A conclusão é que, quanto maior a biodiversidade em um ambiente, maiores as chances de se minimizar os disturbios das mudanças climáticas em um ecossistema.
Pense em um ambiente natural sob pressão climática, onde só existem duas espécies de animais, e a primeira é a única fonte de alimento para a segunda. Se a primeira espécie acabar se deslocando para um ambiente mais equilibrado, isso impactará diretamente a sobrevivência da segunda.
Nesse cenário, as relações ecológicas são extremamente frágeis, enquanto que em um ambiente rico em biodiversidade, haveriam outras fontes de alimento disponíveis e maiores chances de adaptação.
Os solos, por exemplo, têm papel crucial na mitigação das mudanças climáticas, pois quando cobertos por vegetação, funcionam como sumidouro de carbono. Por exemplo, para cada aumento de 1% na matéria orgânica disponível, 0,4 hectares de solo conseguem absorver até 10 toneladas a mais de carbono. A redução nos níveis de emissão de gases não pode ser atingida sem o sequestro biológico, que utiliza plantas, árvores e sistemas agrícolas mais resilientes e biodiversos.
A relação entre biodiversidade e mudanças climáticas é tão forte, que não é possível agir de forma a solucionar apenas uma das crises, para resolvê-las é preciso enfrentar ambas.
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