Soluções Baseadas na Natureza (SbN) e COP30: convergência entre clima, negócios e biodiversidade
- VBIO
- há 3 dias
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As Soluções Baseadas na Natureza (SbN) ganharam relevância global nas últimas décadas. Oficializadas pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) em 2016, elas foram, pouco a pouco, integradas às negociações climáticas. Na COP26, realizada em Glasgow em 2021, o Glasgow Climate Pact deixou claro: proteger, conservar e restaurar ecossistemas – como florestas e áreas marinhas – é essencial para alcançar os objetivos do Acordo de Paris.
Esse reconhecimento também avança nas negociações da biodiversidade. Em 2022, na COP15 da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD), o Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal incorporou metas específicas, como minimizar os impactos da mudança climática sobre a biodiversidade por meio de SbN e abordagens baseadas em ecossistemas. Na prática, tanto no campo do clima quanto da biodiversidade, as SbN já são vistas como ferramentas-chave para reduzir emissões, conservar espécies e aumentar a resiliência.
COP30 em Belém: a Amazônia no centro das atenções
A COP30, que acontecerá em novembro de 2025 em Belém (PA), será a primeira realizada em plena Amazônia. Isso, por si só, já coloca a natureza no coração das discussões. Lideranças brasileiras afirmam que será a oportunidade de “debater a Amazônia dentro da Amazônia”. Um relatório do setor financeiro destaca que a COP30 será “claramente centrada na Natureza”.
Nesse contexto, espera-se que temas como a conservação da floresta, o protagonismo dos povos tradicionais e soluções integradas ganhem ainda mais espaço. Autoridades já apontam que as SbN – como o reflorestamento e práticas agrícolas regenerativas – serão um dos pilares para alinhar metas climáticas e de biodiversidade, aproveitando o imenso potencial natural da Amazônia como motor de inovação.
Oportunidades para empresas: créditos de carbono e biodiversidade
Para o setor privado, a COP30 representa uma chance real de ampliar sua atuação em SbN. Projetos de restauração florestal, recuperação de manguezais e agroecossistemas podem gerar créditos de carbono mensuráveis, criando oportunidades de receita ou compensação ambiental.
Além disso, um novo mercado começa a emergir: o dos créditos de biodiversidade. No Brasil, já existem iniciativas-piloto que emitem certificados vinculados à proteção de espécies e habitats, como um projeto no Pantanal baseado na conservação da onça-pintada. Esses créditos funcionam de forma complementar aos de carbono, mas com foco nos serviços ecossistêmicos.
A expectativa é que, em 2025, esse novo instrumento ganhe força na COP30, mobilizando capital privado para financiar a conservação da biodiversidade.
Grandes empresas internacionais já enxergam valor nessas soluções. Gigantes como Google, Microsoft, Meta e Salesforce cofundaram a Symbiosis Coalition, comprometendo-se a comprar 20 milhões de toneladas de créditos florestais até 2030. O Google, por exemplo, fechou recentemente a compra de 50 mil toneladas de créditos de reflorestamento no Brasil. Já a Microsoft investiu US$ 300 milhões em projetos de reflorestamento nos EUA. Esse movimento mostra que SbN são cada vez mais vistas como estratégias eficazes de neutralização de carbono.
No Brasil, projetos semelhantes estão se multiplicando, indicando um cenário favorável para que empresas incorporem ações de conservação, restauração e manejo sustentável como parte de sua operação e valor de marca.
Mercado de SbN no Brasil e América Latina
O mercado de carbono de base natural está se expandindo rapidamente no Brasil e em toda a América Latina. Estimativas recentes indicam que projetos brasileiros de reflorestamento e conservação já evitaram cerca de 31,8 milhões de toneladas de CO₂e, com potencial total de 192 milhões de toneladas. Esses projetos já movimentaram aproximadamente US$ 100 milhões no mercado voluntário.
E o futuro promete ainda mais. A consultoria McKinsey prevê que o mercado voluntário global de carbono natural salte de US$ 1 bilhão (em 2021) para US$ 50 bilhões até 2030. Cerca de 15% desse total – ou US$ 7,5 bilhões ao ano – podem vir de projetos brasileiros.
O investimento também está crescendo. Em fevereiro de 2025, o Banco Mundial aprovou o Plano NPC (Natureza, Povos e Clima), que vai destinar US$ 247 milhões para SbN na Amazônia e no Cerrado. Desse valor, US$ 100 milhões irão diretamente para projetos privados, por meio do BNDES e do próprio Banco Mundial.
Outras instituições multilaterais, como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), também estão ampliando aportes. Em 2023, o BID investiu mais de US$ 2 bilhões em iniciativas ambientais na América Latina e Caribe, sendo US$ 765 milhões só para o setor privado.
Vale lembrar: a América Latina concentra cerca de 40% da biodiversidade global, e 20% dos empregos na região dependem diretamente de serviços naturais. Isso reforça o enorme potencial de desenvolvimento de um mercado sólido de SbN por aqui.
Novas regras: regulação e incentivos para SbN no setor privado
A legislação brasileira também começa a dar sinais mais claros em direção às SbN. Em 2022, foi criado o SINARE (Decreto 11.075/2022), um sistema nacional para registrar emissões, remoções e créditos de carbono. O artigo 8º do decreto define o SINARE como uma “central única” de registros, o que abre espaço para que projetos florestais e de restauração gerem créditos certificados.
No final de 2024, a Lei 15.042/2024 criou o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE). Essa lei organiza o mercado em dois blocos:
Regulado, voltado para grandes emissores e políticas públicas;
Voluntário, destinado à iniciativa privada.
Embora o agronegócio ainda não esteja incluído no mercado regulado, a nova lei cria um órgão gestor e estabelece regras para que empresas que não atingirem suas metas possam compensar por meio da compra de créditos.
No campo da biodiversidade, o Brasil já aderiu ao Marco Kunming-Montreal. A Meta 19 do acordo exige mobilizar US$ 200 bilhões por ano até 2030 para a conservação da biodiversidade, o que deverá acelerar a criação de mecanismos financeiros e compensatórios ligados a serviços ecossistêmicos.
Instituições como o BID, o GEF e o GBIF estão trabalhando para transformar essas metas em ações concretas – como monitoramento de indicadores (KPIs) e fundos dedicados. Isso cria um novo cenário para as empresas: será cada vez mais importante ter transparência, seguir princípios internacionais de finanças verdes e alinhar metas com padrões globais como os da SBTi.
Conclusão: por que SbN são estratégicas para as empresas
As Soluções Baseadas na Natureza representam uma forma inovadora de o setor privado enfrentar riscos climáticos, gerar valor e se posicionar de forma sustentável.
Com a COP30 prestes a acontecer em Belém – e com a Amazônia no centro do palco –, empresas que integrarem SbN às suas estratégias estarão mais bem preparadas para o novo contexto global.
A GSS se coloca como uma parceira estratégica nesse processo. Atuamos com consultoria, inovação, ativos sustentáveis e programas de implementação que fortalecem a relação entre empresas, comunidades, clima e biodiversidade.
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