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Por que a restauração ecológica é essencial para um Brasil mais resiliente

  • Foto do escritor: VBIO
    VBIO
  • 3 de abr.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 8 de abr.



Entre 60,3 milhões e 135 milhões de hectares de vegetação nativa foram degradados no Brasil de 1986 a 2021, o que representa de 11% a 25% de toda a vegetação nativa do país. 


Esse dado preocupante, levantado pelo MapBiomas, expõe uma realidade que merece nossa total atenção: a degradação dos nossos biomas, com impactos diretos sobre a biodiversidade, o ciclo hídrico e as mudanças climáticas. A magnitude do problema exige ações urgentes para reverter esse cenário e restaurar os ecossistemas que são fundamentais para a saúde ambiental e econômica do Brasil.


A amplitude da degradação

Os biomas brasileiros enfrentam diferentes graus de degradação, mas todos estão vulneráveis a pressões que comprometem sua integridade ecológica. A Mata Atlântica, um dos biomas mais afetados, apresenta taxas de degradação que variam entre 36% e 73%, com a perda de até 24 milhões de hectares de vegetação. Já o Cerrado, uma das regiões mais biodiversas do país, apresenta entre 19,2% e 45,3% de degradação, com áreas comprometidas que chegam a 43 milhões de hectares. A Amazônia, que ainda concentra a maior parte da vegetação nativa do Brasil, perdeu de 5,4% a 9,8% de sua cobertura, o que equivale a áreas de até 34 milhões de hectares.


Outros biomas como o Pantanal, a Caatinga e o Pampa também estão sofrendo graves impactos. O Pantanal, por exemplo, enfrentou uma degradação de até 2,1 milhões de hectares, com os incêndios sendo a principal causa. Já a Caatinga, ameaçada por um processo acelerado de desertificação, pode perder entre 9 a 26 milhões de hectares, enquanto o Pampa, com um dos mais altos índices de degradação, já perdeu até 55% de sua vegetação original. 


Cada bioma tem características únicas, mas todos compartilham o impacto direto no equilíbrio climático, hídrico e na biodiversidade do país.


As causas da degradação

A degradação da vegetação nativa no Brasil é impulsionada por uma combinação de fatores naturais e antrópicos. Um dos principais motores desse processo é a expansão agropecuária. A crescente demanda por áreas para a produção de alimentos, madeira e pastagem leva à conversão das florestas e cerrados em áreas agrícolas, sem a devida consideração sobre o impacto a longo prazo.


Outro fator crítico é a fragmentação da vegetação. A destruição de grandes áreas contínuas de vegetação natural cria pequenos fragmentos isolados, o que prejudica a fauna e a flora local e dificulta a recuperação natural do ecossistema. As mudanças climáticas também exacerbam a degradação, intensificando fenômenos como a seca e tornando os ecossistemas mais vulneráveis.


Além disso, os incêndios frequentes, tanto naturais quanto provocados pela ação humana, são um grande catalisador da degradação. O fogo, que muitas vezes é utilizado para limpar áreas para a agricultura ou pecuária, destrói rapidamente a vegetação e impede que o ecossistema se recupere.


O papel essencial da restauração

Frente a esse cenário, a restauração ecológica se apresenta como uma das soluções mais eficazes e necessárias para o Brasil. A restauração não se limita ao simples plantio de árvores; ela é um processo complexo e multidisciplinar, que envolve a recuperação de funções ecossistêmicas vitais, como o ciclo das águas, a regulação do clima e a preservação da biodiversidade.


Uma floresta restaurada não só recupera habitats e salva espécies ameaçadas, como também promove a segurança hídrica, essencial para o abastecimento de água das populações e para a agricultura. Florestas saudáveis garantem que a água seja retida no solo e liberada de forma gradual, evitando enchentes e secas severas. 


A regulação climática também é um benefício fundamental da restauração. Áreas restauradas absorvem grandes quantidades de CO₂ da atmosfera, contribuindo para o combate ao aquecimento global e mitigando os efeitos das mudanças climáticas.


Além disso, a restauração ecológica oferece sustentabilidade econômica. Ao recuperar terras degradadas, é possível restabelecer a produtividade agrícola de maneira regenerativa, sem a necessidade de destruir mais áreas naturais. O conceito de agropecuária regenerativa está se tornando cada vez mais popular, e a recuperação de áreas degradadas favorece a prática dessa agricultura mais sustentável, que visa a recuperação do solo e a conservação ambiental a longo prazo.


A restauração também tem um impacto direto no bem-estar humano. Ecossistemas equilibrados são fundamentais para a prevenção de desastres naturais, como deslizamentos de terra, enchentes e secas, além de melhorarem a qualidade de vida das pessoas ao redor. Ecossistemas saudáveis oferecem serviços ambientais que são vitais para a agricultura, a saúde pública e a qualidade do ar e da água.


Degradação vs. Desmatamento

É importante destacar que a degradação não deve ser confundida com o desmatamento. Mesmo quando a vegetação está aparentemente intacta, se o ecossistema perder suas funções, como a capacidade de reter água ou de sustentar a biodiversidade, ele pode ser considerado degradado. O simples fato de a vegetação estar presente não significa que o ecossistema esteja funcionando adequadamente, o que torna a restauração ainda mais urgente.


O desafio da restauração no Brasil

A restauração ecológica no Brasil não é uma tarefa simples. O país possui grandes extensões de áreas degradadas, e é preciso que se adote uma abordagem integrada, que envolva a colaboração entre governos, empresas, comunidades e ONGs. O Brasil tem o potencial de se tornar um líder mundial em restauração ecológica, não só pela grande área degradada que precisa ser recuperada, mas também pela enorme biodiversidade que caracteriza seus biomas.


E é nesse contexto que criamos o Restaura.eco, uma plataforma inovadora desenvolvida pela VBIO, projetada para promover a restauração de terras de maneira integrada e eficiente.


Com o uso de tecnologias avançadas como visualização geoespacial, análise de uso do solo e mapeamento do potencial de biodiversidade, o Restaura.eco oferece uma solução eficaz para identificar e gerir áreas degradadas. Seu objetivo é promover parcerias estratégicas para a restauração e conservação de ecossistemas, conectando proprietários rurais, empresas e financiadores. Assim, a plataforma cria um ambiente colaborativo que contribui para o cumprimento das metas globais de restauração, combate às mudanças climáticas e fomenta o desenvolvimento local.


O Restaura.eco está no ar e promete ser uma ferramenta essencial para a recuperação de ecossistemas no Brasil. 


Fonte: MapBiomas (2022)


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