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Foto do escritorCandace Bauer

Hotspots de Biodiversidade: o que são e por que são considerados pontos críticos?

Descubra o que são os hotspots de biodiversidade e porque essas regiões são consideradas pontos críticos e epicentros da conservação ecológica global.


Hotspots de biodiversidade são regiões do planeta que, ao passo que abrigam uma diversidade biológica excepcional, também estão extremamente ameaçadas. O conceito de hotspots, também chamados de “pontos críticos” é um termo inglês que foi introduzido pelo cientista Norman Myers em 1988, visando direcionar esforços de conservação para as áreas mais críticas e prioritárias do mundo. No Brasil, dois biomas se destacam como hotspots: o Cerrado e a Mata Atlântica.  

 

O que são hotspots de biodiversidade? 

 

Um hotspotde biodiversidade é definido por dois critérios principais: 

 

  1. Endemismo de plantas: a região deve ter pelo menos 1.500 espécies de plantas vasculares endêmicas, ou seja, uma vasta quantidade de plantas que são encontradas apenas naquele lugar, por isso, insubstituíveis;

  2. Ameaça de extinção: a área deve ter perdido 70% ou mais de sua vegetação nativa primária. Em outras palavras, a região deve possuir menos de 1/3 da sua vegetação original.  

 

Esses critérios focam principalmente nas plantas devido ao seu papel fundamental como produtores primários e base de diversas cadeias alimentares, além de servirem de abrigo para outros seres vivos, como aves e mamíferos. Um alto grau de endemismo é um indicador do quão única e insubstituível é a biodiversidade de uma região, merecendo atenção no que diz respeito a medidas de conservação. 

 

Importância ecológica 


O conceito desenvolvido por Myers surgiu pela crescente preocupação de ambientalistas e ecologistas acerca da rápida perda de habitats em áreas de grande biodiversidade e endemismo


A biodiversidade é a base que sustenta toda a vida na Terra, incluindo a humana, pois garante o fornecimento de alimentos, ar puro e as condições necessárias para o funcionamento das sociedades. Devido aos recursos financeiros e de tempo limitados disponíveis para a conservação, a identificação de hotspots de biodiversidade é uma abordagem estratégica para direcionar os esforços de forma eficaz e reduzir a taxa de extinção global​. 


Os hotspots também funcionam como indicadores dos impactos das atividades humanas no meio ambiente. Atualmente, existem 36 hotspots de biodiversidade no mundo, incluindo dois no Brasil, que se encontram entre os ecossistemas mais ricos e importantes do planeta. Esses locais abrigam populações humanas em situação de vulnerabilidade, cuja sobrevivência está intimamente ligada à integridade ambiental dessas regiões​.  


Apesar de cobrirem apenas 2,3% da superfície da Terra, essas áreas abrigam aproximadamente 44% das espécies de plantas do mundo e 35% das espécies de vertebrados terrestres​​. Esses números destacam a importância crítica dos hotspots para a conservação da biodiversidade global, por isso, identificar e proteger essas áreas críticas é uma etapa imprescindível para desacelerar a taxa de extinção de espécies. 

 

Hotspots brasileiros 

 

Cerrado 


O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, originalmente cobrindo mais de 2 milhões de km², mas apenas 21,3% de sua área original permanece intacta.  


Seu clima é tropical, com chuvas concentradas entre abril e outubro, seguidas por uma estação seca bem definida, marcada por queimadas, tanto naturais quanto provocadas pelo homem. Essas características são importantes para a ecologia do Cerrado, onde as plantas típicas são adaptadas a regiões secas e ao fogo, apresentando árvores com cascas grossas, folhas resistentes e capacidade de regeneração rápida. Além disso, o fogo é fator essencial na germinação das sementes de diversas plantas da região. 

 

O Cerrado também é lar de espécies icônicas da fauna brasileira, como o lobo-guará


O Cerrado é atualmente uma das principais regiões de agronegócio do Brasil, o que acarreta desmatamento e fragmentação de habitat, ameaçando mais de 12 mil espécies de plantas, das quais 4 mil são endêmicas. Espécies icônicas, como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira e a jaguatirica também estão sob ameaça, isso sem falar das quase 900 espécies de aves endêmicas ameaçadas.


A conservação do Cerrado não afeta apenas para a biodiversidade, mas também para as comunidades tradicionais, como populações indígenas, quilombolas, ribeirinhos e tantas outras, que dependem desse ecossistema. 

 

Mata Atlântica 


Este bioma é formado por uma diversidade de ecossistemas de florestas tropicais da América do Sul, incluindo manguezais e ambientes de restinga. Sua vegetação varia conforme a altitude, com matas de grandes altitudes, florestas de encostas e matas da planície costeira, além de formações mais secas, como as florestas mistas e as matas semi-decíduas do interior.


A Mata Atlântica é também um dos biomas mais ricos e ameaçados do mundo. Segundo a SOS Mata Atlântica, apenas cerca de 12,4% de sua área original ainda intacta. O bioma foi a primeira área a ser colonizada no Brasil e hoje abriga a maior densidade populacional do país, colocando enorme pressão sobre seus recursos naturais.  


O mico-leão-dourado é uma das milhares espécies endêmicas da Mata Atlântica


A Mata Atlântica é notável por seu alto grau de endemismo, abrigando cerca de 5 mil espécies de plantas, 71 espécies de mamíferos (incluindo o mico-leão-dourado, espécie símbolo da região), 133 espécies de peixes, 148 espécies de aves (como o papagaio-de-cara-roxa), 286 espécies de anfíbios e 94 espécies de répteis. Essa rica biodiversidade, aliada à ameaça constante de destruição, faz da Mata Atlântica um hotspot crítico para a conservação global. 

 

Desafios e oportunidades de conservação


Embora partes desses hotspots estejam dentro de áreas protegidas, as mudanças na paisagem ao redor impactam negativamente sua biodiversidade e funções ecossistêmicas, especialmente por desafios contínuos devido à urbanização, agricultura intensiva e mudanças climáticas. Por isso, é fundamental implementar ações articuladas com outras estratégias de conservação, como o monitoramento contínuo da conservação da biodiversidade.


Projetos de restauração de ecossistemas emergem como importantes ferramentas para proteger a biodiversidade, promover a resiliência ecológica e geram benefícios diversos para a sociedade. Eles podem envolver várias atividades, desde o plantio de espécies nativas até a remoção de espécies invasoras e a reabilitação de solos e bacias de rios e lagos.  


Ao revitalizar áreas degradadas e conservar ecossistemas, esse processo de restauração ecológica não apenas promove a saúde dos biomas, mas também traz benefícios econômicos e sociais significativos para as comunidades locais que dependem dessas áreas verdes.


Ao conectar proponentes de projetos e apoiadores, a VBIO está fazendo a sua parte para que comunidades locais tenham acesso a recursos necessários para executar os mais inspiradores projetos de sociobioeconimia. Acesse vbio.eco/projetos e descubra como projetos de restauração de ecossistemas estão fazendo a diferença pela conservação da biodiversidade brasileira.  

 

Referências 

  • Conservation International. Hotspots de biodiversidade. 

  • Science Blogs. Sobre hotspots de biodiversidade. 

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