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Belém como modelo de Soluções Baseadas na Natureza

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    VBIO
  • há 17 horas
  • 5 min de leitura
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O papel estratégico da Amazônia e setor privado na resposta à crise climática e de biodiversidade


A escolha de Belém, capital do Pará, para sediar a COP30 em 2025 traz destaque à Amazônia no debate climático global. Cientistas alertam que, para manter o aquecimento abaixo de 2 °C, é essencial evitar o colapso da maior floresta tropical do mundo.


Perder 50 - 70% da Amazônia liberaria bilhões de toneladas de carbono, tornando impossível cumprir o Acordo de Paris. Nesse contexto, a COP30 surge como oportunidade histórica para colocar a Amazônia no centro da agenda climática, atraindo líderes mundiais para debater soluções climáticas inovadoras. 


A região amazônica detém:

  • 13 % das espécies conhecidas, 20 % da água doce superficial e cerca de 150–200 bilhões de toneladas de carbono estocado.

  • 6,5 milhões de km² de extensão, abrangendo 47 milhões de pessoas (incluindo 400 povos indígenas).

  • 17 % desmatado e 31 % degradado no Brasil – perda adicional de apenas 5 % pode desencadear a transição para uma savana.


Esses dados ressaltam que a Amazônia não é apenas um bioma crítico para o clima, mas um grande complexo socioambiental com soluções únicas às mudanças climáticas, como seu imenso estoque de carbono, convivendo com consequências graves das mudanças climáticas. Para a empresas e sociedade, o foco renovado na região abre oportunidades estratégicas em bioeconomia e conservação.


A floresta conservada da Amazônia serve como laboratório natural de SbN. Seu enorme potencial de serviços ambientais e a presença de conhecimentos tradicionais tornam o Estado do Pará um palco privilegiado para implementar projetos de conservação, restauração e uso sustentável. 


Em preparação para a COP30, tanto governos quanto o setor privado têm buscado investimentos em infraestruturas verdes, projetos de reflorestamento e apoio a comunidades locais. Apesar das críticas, a conferência estimula debates sobre inovação em bioeconomia, remediação florestal e participação comunitária.


SbN: conceito e relevância global


As Soluções Baseadas na Natureza (SbN) utilizam processos e serviços ecossistêmicos para combater desafios ambientais, sociais e econômicos. São ações inspiradas em ecossistemas naturais que promovem adaptação e mitigação climática ao mesmo tempo em que beneficiam a biodiversidade e as comunidades humanas. 


Embora recente como conceito, as SbN já foram incorporadas em políticas europeias e agendas globais. Em 2019, por exemplo, durante a COP25, o papel das SbN foi destacado como área-chave para o cumprimento do Acordo de Paris.


Estima-se que, globalmente, as SbN poderiam prover até 30% da mitigação de carbono necessária até 2030, agindo em bacias hidrográficas, florestas, manguezais e outros ecossistemas críticos. Isso reforça seu valor estratégico: além de evitar emissões, ambientes naturais restaurados também reduzem riscos de desastres e geram cobenefícios como estoque hídrico, recursos pesqueiros e serviços culturais.


Papel das empresas no financiamento e escalonamento das SbN


As empresas têm papel central no financiamento e na expansão em larga escala das SbN.


Diferentes instrumentos financeiros sustentáveis permitem captar recursos privados para esses projetos: por exemplo, títulos verdes (green bonds) têm financiado projetos florestais, agroflorestais e de energia renovável. Social bonds e sustainability bonds apoiam iniciativas mistas socioambientais, e transition bonds destinam investimentos à transição de setores intensivos em carbono (energia, siderurgia etc.). 


No Brasil, o BNDES (Fundo Clima, Fundo Amazônia) e bancos multilaterais (CIF, GCF, GEF) já são fontes importantes para projetos climáticos e de biodiversidade.


Além disso, está em construção o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) (PL 2148/15) para viabilizar créditos de carbono regulados. A perspectiva de tributações futuras e exigências de reporte (p.ex., a Resolução CVM 193 exigirá divulgação de informações climáticas a partir de 2026) também estimula as empresas a antecipar-se. 


O setor privado pode atuar via parcerias público‑privadas, blended finance e garantias que reduzam riscos de investimento, como sugerido por estudos globais sobre financiamento de SbN. 


Em suma, cada vez mais companhias destinam recursos (diretamente ou via fundos de impacto e concessões) a projetos de restauração florestal, proteção de áreas e desenvolvimento de cadeias sustentáveis, seja para compensar emissões ou gerar benefícios de biodiversidade.


Destaques de investimento: nos últimos anos houve salto nas aplicações privadas em SbN. Por exemplo, um relatório da TNC e Forest Trends mostra que o investimento global em SbN para recursos hídricos cresceu 30 vezes de 2013 a 2023, atingindo US$345 milhões em recursos privados no último ano. Desse total, cerca de US$1,8 bilhão vieram de “user-driven investments” (utilities, cidades e empresas) diretamente beneficiadas pelos serviços ambientais, indicando um forte interesse corporativo. 


Apesar de ainda ser um setor em desenvolvimento, esse crescimento expressivo sinaliza que empresas já estão captando oportunidades por meio de certificações verdes e responsabilidade sobre suas cadeias de suprimento.


Benefícios estratégicos das SbN para empresas


Investir em SbN no Brasil traz vantagens múltiplas para empresas comprometidas com ESG e sustentabilidade:

  • Mitigação de riscos: implementar SbN ajuda a reduzir riscos climáticos, operacionais e regulatórios. Projetos como reflorestamento ou manejo sustentável protegem a empresa contra interrupções em cadeias produtivas (por exemplo, devido à escassez de água ou crises ambientais) e contra futuras restrições legais sobre uso da terra e emissões. Estar à frente das normas (p.ex., requisitos de reporte de biodiversidade do CBD/GBF) evita penalidades.


  • Acesso a financiamento verde: empresas engajadas em SbN ganham credibilidade junto a investidores institucionais e bancos verdes, facilitando obtenção de linhas de crédito diferenciadas. Títulos verdes e de sustentabilidade são emitidos com descontos ou condições favoráveis para financiar projetos ambientais, ou mesmo financiamentos vinculados a metas de restauro florestal.


  • Reputação e mercado: Iniciativas socioambientais concretas – como apoio a comunidades rurais, cadeias de produtos extrativistas ou bioeconomia – transformam obrigações em histórias de impacto positivo, melhorando o relacionamento com consumidores, investidores e órgãos reguladores. Além disso, a integração das SbN às operações permite a criação de novos produtos sustentáveis, abrindo novos mercados.


  • Alinhamento com padrões globais: o comprometimento com SbN coloca a empresa em conformidade com marcos internacionais (Acordo de Paris, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, Quadro Global de Biodiversidade da ONU). Isso não só atende a exigências de grandes investidores globais, mas sinaliza competitividade em licitações e cadeias de valor internacionais.


  • Impacto estratégico: projetos como restauração, reflorestamento, manejo florestal comunitário ou valorização de saberes tradicionais deixam de ser simples filantropia e passam a ser investimentos estratégicos. Antecipar-se fortalece a posição da empresa como líder em sustentabilidade.


Antecipando tendências e apostando em projetos de sociobiodiversidade


O cenário regulatório está cada vez mais exigente. No Brasil, legislações previstas, como a obrigatoriedade de relatórios climáticos e de biodiversidade (Resolução CVM 193/2024, ISSB) e futuros mecanismos de pagamento por serviços ambientais, devem criar obrigações imediatas às empresas. 


Ao apoiarem projetos de sociobiodiversidade, que ligam conservação à geração de renda em comunidades tradicionais, as empresas se antecipam a essas demandas. Por exemplo, a incorporação de pequenos agricultores e povos indígenas em cadeias sustentáveis (agroextrativismo, manejo de florestas nativas, biocosméticos) alinha interesses socioeconômicos e ambientais. Essa postura de mercado também atende às pressões de investidores e consumidores. 


Em outras palavras, integrar SbN e bioeconomia aos negócios é, hoje, tanto uma resposta à sociedade civil quanto uma estratégia de mitigação de riscos, transformando desafios ambientais em oportunidades de inovação. Empresas que apoiam ativamente cadeias de produção comunitárias e iniciativas de conservação criam histórias positivas para relatar em seus relatórios de ESG, conquistando vantagem em rating de sustentabilidade e em acesso a linhas verdes.


Engajamento prático


Para as empresas interessadas em atuar nesse cenário, há caminhos concretos. A VBIO reúne projetos sócioambientais no Pará que geram impacto mensurável na Amazônia, trabalhando com comunidades tradicionais e agricultores familiares. 


Oferecemos soluções estratégicas, conectando corporações a oportunidades de SbN bioeconomia. Essas iniciativas traduzem capital corporativo em resultados reais de sustentabilidade, fortalecendo reputação, garantindo acesso facilitado a instrumentos financeiros verdes e contribuindo para o desenvolvimento regional.


Empresas que desejam transformar compromissos ESG em valor efetivo podem conhecer os projetos da plataforma VBIO e as soluções de consultoria da GSS


Descubra nosso portfólio de ações direcionadas à COP30, com foco em investimentos de impacto: gss.eco/cop30.


 
 
 

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