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O papel das empresas nos novos modelos de investimento socioambiental

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    VBIO
  • há 2 dias
  • 6 min de leitura


A agenda ESG no setor privado tem se desenvolvido de forma intensa na última década. Inicialmente um fenômeno de gestão voluntária, ESG hoje é fator estratégico que influencia decisões de governança e investimentos das empresas. No Brasil, registros recentes mostram avanço regulatório: a CVM editou a Resolução nº59/2021 exigindo que companhias abertas divulguem diretrizes e metas ASG em seus formulários de referência.


A padronização segue padrões internacionais – em 2023 a mesma CVM definiu relatórios de sustentabilidade baseados nas normas do ISSB – e a SUSEP incluiu métricas de sustentabilidade nas obrigações das seguradoras. Essas iniciativas fazem parte de um movimento de institucionalização do ESG, reforçando a transparência corporativa. A evolução da agenda ESG no Brasil reflete não apenas uma mudança nas percepções e prioridades das empresas e investidores, mas também um reconhecimento crescente da interdependência entre o desempenho econômico, social e ambiental nas organizações. 


Em outras palavras, aspectos sociais e ambientais tornaram-se críticos para a competitividade e resiliência dos negócios.


Avanço dos instrumentos de financiamento climático e de impacto

O crescimento da agenda sustentável vem acompanhado pela inovação de mecanismos financeiros. No Brasil, fundos multilaterais (GCF, GEF, CIF, Fundo de Adaptação etc.) e bancos de desenvolvimento (BID, CAF, BNDES etc.) destinam recursos a projetos de clima e biodiversidade. O BNDES, por exemplo, destaca-se como protagonista do financiamento climático doméstico, gerindo o Fundo Clima e o Fundo Amazônia. Em geral, predominam financiamentos concessionais públicos – como linhas do Fundo Clima e programas agrícolas verdes – mas há uma aceleração no uso de novos instrumentos. Entre eles destacam-se:


  • Green Bonds (Títulos Verdes): em 2024 espera-se emissão mundial superior a US$ 1 trilhão, consolidando-se como o principal instrumento de dívida sustentável. No Brasil, o governo já lançou green bonds soberanos (duas emissões de US$2 bilhões em 2023), e grandes empresas estudam negócios marcados como verdes.


  • Social e Sustainability Bonds: voltados a projetos sociais (educação, saúde, inclusão) ou mistos de sustentabilidade, esses títulos atraem cada vez mais capital. Entre 2017-2023, só green, social e SLBs acumularam cerca de US$4,4 trilhões em emissões globais

  • Transition Bonds: criados para financiar a transição de setores intensivos em carbono, direcionam recursos a empresas poluentes que se comprometem a adotar práticas de baixo carbono. No Brasil, já houve emissões privadas (CCR, Marfrig, Eneva) e, internacionalmente, governos como o do Japão captaram US$5,3 bilhões em transição do clima. 


  • Resilience Bonds: destinados a financiar projetos de adaptação e resiliência climática, devem ganhar mercado nos próximos anos. O Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento foi pioneiro com uma emissão de US$700 milhões em 2019.


  • Mercado de Carbono (SBCE): em 2023 a Câmara aprovou o PL 2148/15, criando o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) com tetos de emissão e mercado de créditos de carbono. Esse arcabouço permitirá às empresas compensar emissões e negociar créditos em uma bolsa regulada.


  • Blended Finance (Finanças Híbridas): estruturas mistas que combinam recursos públicos, privados e de doadores estão em discussão no Brasil (p.ex. “plataformas país” G20). Esse arranjo busca alavancar capital privado para cumprir compromissos de NDC e metas climáticas, diminuindo riscos e mobilizando investimentos maiores.


Além desses, existem fundos de impacto, venture capital de clima, microfinanças verdes e programas de investimento social (IBOVESPA, índice de sustentabilidade, etc.) que direcionam recursos a causas socioambientais. Em suma, o ecossistema de financiamento sustentável amplia o acesso a capitais, criando novas fontes e canais para iniciativas climáticas e de impacto.


A Amazônia e a COP30: papel estratégico para empresas

A região Amazônica ocupa posição central no debate climático global. Ela desempenha papel vital na absorção de carbono para o mundo e no fornecimento de biodiversidade. A Amazônia não apenas sequestra enorme quantidade de CO₂, como também é fonte de conhecimentos ancestrais e produtos da bioeconomia. Sob essa perspectiva, a escolha de Belém (Amazônia) para sediar a COP30 em novembro de 2025 torna-se extremamente significativa.


Segundo o governo brasileiro, o objetivo é “colocar o holofote” na Amazônia, onde “soluções únicas às mudanças climáticas”, como o estoque de carbono da floresta, convivem com “consequências graves” das alterações do clima (queimadas e secas). Esse foco renovado ressalta oportunidades para as empresas. 


A COP30 marca dez anos do Acordo de Paris e atrai líderes globais à Amazônia, aumentando a visibilidade para iniciativas locais. Em meio aos preparativos, tanto governo quanto a iniciativa privada vêm investindo em infraestrutura e projetos sustentáveis na região. Embora haja críticas – por exemplo, a construção de uma nova rodovia na floresta para abrigar a cúpula – a conferência também impulsiona debates sobre inovação em bioeconomia, conservação e envolvimento comunitário. Para os setores corporativos, a Amazônia torna-se um novo centro das finanças sustentáveis e da inovação em bioeconomia. 


Muitos executivos reconhecem que investir em projetos amazônicos oferece vantagens estratégicas: melhora de reputação, acesso a linhas de crédito verdes, mitigação de riscos regulatórios e até criação de novos produtos ligados à sustentabilidade. 


Em resumo, a região passa a integrar diretamente as estratégias de ESG de empresas que atuam na Amazônia ou em cadeias dependentes do bioma.


Reformulação dos investimentos corporativos

O conjunto de tendências – amadurecimento ESG, novos instrumentos financeiros e o protagonismo da Amazônia – tem levado as grandes empresas a reformular seus investimentos. Internamente, gestores hoje alinham suas carteiras a métricas socioambientais e incorporam riscos climáticos na análise financeira. Externamente, captam recursos por meio de dívidas sustentáveis ou parcerias público-privadas. 


Por exemplo, consórcios entre setores agrícola e de consumo buscam recursos do Fundo Clima ou emitem green bonds para financiar projetos de baixo carbono. Além disso, cadeias produtivas integram a bioeconomia em suas operações (p.ex. manejo sustentável de florestas, cadeias de óleos vegetais ou algas) para gerar valor social. Em termos práticos, empresas que investem hoje em soluções baseadas na natureza (NBS) colhem benefícios em reputação, acesso a crédito verde, mitigação de riscos e geração de novos produtos.


Sob essa lógica, iniciativas que impulsionam a conservação da biodiversidade e mitigação de mudanças climáticas como restauração e reflorestamento, manejo sustentável, fortalecimento de cadeias produtivas locais e valorização de saberes tradicionais deixam de ser apenas filantropia e passam a ser vistas como investimentos estratégicos. O efeito em cascata é real: depois que um governo ou grande empresa realiza uma emissão verde ou implementa uma iniciativa sustentável, outros atores observam e tendem a replicar, criando um “efeito bola de neve” que acelera a adoção de práticas ESG. 


Dessa forma, as pressões de investidores e sociedade, combinadas às oportunidades financeiras, impulsionam as corporações a reorientar fundos tradicionais para projetos de impacto socioambiental, incorporando-os ao core business.


Projetos de sociobiodiversidade no Pará 

Com nossa plataforma VBIO – Vitrine da Biodiversidade Brasileira –, desenvolvemos e implementamos projetos socioambientais na Amazônia com foco em geração de impacto positivo mensurável. Trabalhamos lado a lado com comunidades tradicionais, agricultores familiares, povos originários e organizações locais, estruturando ações que fortalecem a bioeconomia, protegem a biodiversidade e melhoram a qualidade de vida.


Nossos projetos incluem desde o manejo sustentável de produtos da floresta (como castanha, açaí, cacau, óleos vegetais) até a implantação de infraestrutura comunitária, capacitação técnica e apoio à comercialização. Atuamos para que o investimento das empresas em ESG se traduza em transformações concretas — tanto para o território quanto para a própria reputação e performance da companhia.


Empresas que investem conosco não apenas cumprem metas ESG, mas constroem narrativas sólidas de sustentabilidade e têm acesso facilitado a instrumentos como green bonds, financiamento climático e programas de crédito verde.


➡️ Conheça nossos projetos disponíveis para apoio: https://www.gss.eco/sociobiodiversidadenopara 


Como atuamos com as empresas: diagnóstico, estratégia e execução

Na GSS, atuamos como consultores estratégicos para empresas que desejam alinhar seus investimentos aos desafios e oportunidades da nova economia de baixo carbono. Nosso papel é apoiar desde o diagnóstico de riscos socioambientais e climáticos até a estruturação de projetos, captação de recursos e conformidade com as exigências regulatórias e de mercado.


Apoiamos organizações na definição e implementação de estratégias de investimento socioambiental, com foco na criação de valor de longo prazo. Atuamos no desenho e na estruturação de projetos com impacto real, conectando empresas a oportunidades concretas em territórios estratégicos — como a Amazônia — por meio de soluções baseadas na natureza, bioeconomia e conservação.


Essa integração entre a estratégia corporativa e a execução no território é, a nosso ver, o caminho mais eficaz para transformar compromissos ESG em valor de mercado, reputação e impacto positivo duradouro.


Caminho a seguir

A um só tempo, executivos e investidores veem neste momento uma oportunidade de alinhar resultados financeiros a impactos socioambientais positivos. Os projetos da VBIO no Pará servem como casos de sucesso tangíveis, ilustrando como aplicar capitais privados para gerar valor compartilhado. Os serviços especializados da GSS, por sua vez, oferecem o suporte técnico e estratégico necessário para estruturar esse tipo de investimento.


Convidamos, portanto, as lideranças corporativas a conhecer esses exemplos e considerar a incorporação dessas soluções em suas estratégias ESG. Integrar iniciativas comprovadas e contar com assessoria estratégica – como as oferecidas pela VBIO e pela GSS – são passos fundamentais para transformar obrigações de sustentabilidade em oportunidades de negócio.


Em última análise, a adoção desses modelos inovadores de investimento pode fortalecer a reputação das empresas, abrir acesso a financiamentos verdes e ampliar o impacto positivo de suas operações.

                                                 

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