A urbanização acelerada e a expansão das cidades, aliadas ao consequente crescimento populacional, têm gerado uma pressão significativa sobre os recursos naturais, muitas vezes resultando em perda de biodiversidade e degradação dos ecossistemas.
A fim de diminuir esses impactos negativos, surge a ecologia urbana: um campo de estudos ambientais que procura estudar os sistemas naturais – fauna e flora – no contexto das áreas urbanas. Em outras palavras, é um conceito ecológico que procura entender a relação entre os seres vivos e o ambiente nas cidades. Seu principal objetivo é equilibrar o desenvolvimento urbano com a conservação da biodiversidade e a promoção do bem-estar humano.
Diversos mecanismos existem com o propósito de assegurar a resiliência ecológica também em ambientes urbanos, inclusive, um componente-chave nessa integração é a Meta 12 – uma das 23 existentes – do Plano de Biodiversidade, também conhecido como Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal (GBF), que propõe o aumento significativo de áreas verdes e azuis nas cidades, visando não apenas a conservação da biodiversidade, mas também a melhoria da qualidade de vida nas cidades.
No contexto da ecologia urbana, essa meta é de suma importância, pois reconhece a relevância dos ecossistemas urbanos como catalisadores de mudanças positivas, tanto para a conservação e proteção da biodiversidade quanto o bem-estar das pessoas que vivem nesses ambientes.
Ao priorizar a integração da biodiversidade nas cidades, além de proteger espécies nativas e melhorar a conectividade ecológica, a ecologia urbana também promove a resiliência desses ecossistemas e, consequentemente, auxilia no combate aos efeitos das mudanças climáticas. À medida que eventos climáticos extremos se tornam mais recorrentes, as cidades precisam de estratégias eficientes para mitigar os seus impactos e se adaptar a novas realidades.
Nesse contexto, surgem as soluções baseadas na natureza (SbN, ou nature based solutions – NbS). De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza, as SbNs representam ações para proteger, gerenciar e restaurar ecossistemas naturais de forma sustentável, eficaz e levando em consideração as complexidades e bem-estar humano e da biodiversidade.
No ambiente urbano, a implementação de SbNs, como infraestruturas verdes e a restauração de ecossistemas naturais, oferece uma gama de benefícios tangíveis, podendo reduzir a vulnerabilidade das cidades a enchentes, ilhas de calor e poluição do ar. Ao aumentar a permeabilidade do solo, melhorar a gestão das águas dos rios e moderar as temperaturas, essas soluções ajudam a tornar as cidades mais preparadas para enfrentar os desafios climáticos, protegendo ao mesmo tempo a saúde e o bem-estar de seus habitantes.
Além disso, os habitantes também se beneficiam diretamente de ambientes urbanos mais verdes e saudáveis, com melhor acesso a espaços de lazer e um maior senso de pertencimento e conexão com a natureza.
Estudos demonstram que cidades que investem em SbN e práticas de ecologia urbana podem apresentar uma melhoria significativa, inclusive, para a saúde pública. Conforme um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde, a qualidade e a quantidade de espaços verdes urbanos estão relacionadas à uma redução na mortalidade prematura. Isso ocorre porque a presença de áreas verdes pode reduzir a exposição a poluentes e aumentar a qualidade de vida. Além disso, a disponibilidade de espaços verdes também está associada a níveis mais altos de atividade física, o que pode levar a uma redução na prevalência de doenças crônicas, como obesidade e doenças cardiovasculares.
Os benefícios também podem ser percebidos na saúde mental dos habitantes. De acordo com um estudo publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, a maior exposição a áreas verdes em ambientes urbanos está associada a uma redução na demanda por serviços de saúde mental, incluindo consultas com psiquiatras e tratamentos para transtornos psicológicos. Esses dados sublinham a importância de se investir em SbNs e em um planejamento de ecologia urbana adequado.
Embora a adoção de SbNs em ambientes urbanos seja de extrema importância, ela ainda não é uma realidade presente na vida de muitas pessoas. Uma pesquisa publicada pela Fundação Grupo Boticário realizada em cooperação com a UNESCO Brasil, apoio da ANAMMA e Aliança Bioconexão Urbana, mostrou que, entre os mais de 2 mil entrevistados, uma a cada quatro pessoas mora em regiões que não têm parques, bosques ou áreas verdes nas proximidades. Apesar disso, a ideia de ecologia urbana agrada a 98% dos entrevistados, que gostariam de ter ruas mais arborizadas, parques, bosques ou grandes áreas verdes públicas em suas cidades.
Com isso, percebemos que a adoção da Meta 12 do Plano da Biodiversidade oferece uma oportunidade única para transformar as cidades em espaços mais sustentáveis, inclusivos e conectados à natureza. Para organizações, integrar soluções baseadas na natureza nas estratégias corporativas de sustentabilidade não só atende a regulamentação e expectativas de ESG, mas também fortalece a reputação e engajamento da marca.
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