Na última semana, um marco significativo para o futuro da bioeconomia foi estabelecido. Após longos nove meses de debates intensos, a Iniciativa do G20 sobre Bioeconomia (GIB) estabeleceu os 10 princípios de Alto Nível sobre Bioeconomia, como resultado de reunião de técnicos dos países-membros do fórum realizada no Rio de Janeiro.
O consenso sobre os Dez Princípios de Alto Nível para o Desenvolvimento da Bioeconomia traz uma perspectiva global para o avanço de um modelo produtivo inovador, mais sustentável e inclusivo, baseado no encontro entre o conhecimento e a natureza.
Esses princípios definidos são voluntários e opcionais, mas oferecem uma diretriz clara para empresas e governos que que desejam implementar iniciativas de bioeconomia de maneira responsável, a fim de promover o desenvolvimento econômico, social e ambiental de maneira equilibrada e responsável.
Conheça os dez princípios do G20
1. Desenvolvimento sustentável
O primeiro princípio destaca a integração e promoção do desenvolvimento sustentável nas suas dimensões econômicas, sociais e ambientais. A bioeconomia deve contribuir para a erradicação da fome e da pobreza, melhorar a saúde e o bem-estar e garantir a segurança alimentar e a nutrição global.
2. Inclusão e equidade
A bioeconomia deve ser inclusiva e equitativa, defendendo os direitos de todas as pessoas, incluindo povos indígenas e membros das comunidades locais, e promovendo a igualdade de gênero e a participação de todas as partes interessadas.
3. Combate às mudanças climáticas
Os esforços da bioeconomia devem impulsionar o combate e a adaptação às mudanças climáticas globais, alinhando-se aos acordos multilaterais de clima, como o Acordo de Paris.
4. Conservação da biodiversidade
A bioeconomia deve contribuir para a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de seus recursos e repartição justa e equitativa dos benefícios decorrentes da utilização dos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais, conforme as legislações nacionais e em consonância com os acordos e instrumentos internacionais, como o Plano da Biodiversidade (também chamado de Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal).
5. Consumo e produção sustentáveis
Promover padrões sustentáveis de consumo e produção, além do uso eficiente e circular de recursos biológicos, é fundamental. A restauração e regeneração de áreas e ecossistemas degradados também são aspectos essenciais.
6. Ciência e inovação
O desenvolvimento da bioeconomia deve se basear na utilização segura e responsável da ciência, tecnologia, inovação e conhecimento tradicional, com avaliação científica dos potenciais benefícios, riscos e impactos.
7. Políticas robustas
Modelos políticos robustos e coerentes são necessários para promover o comércio de produtos e serviços de bioeconomia, condições de mercado, modelos de negócios sustentáveis, empregos dignos e criação de valor local.
8. Avaliação da sustentabilidade
A sustentabilidade da bioeconomia deve ser avaliada com critérios e metodologias transparentes, comparáveis, mensuráveis, inclusivas, contextualizadas e baseadas na ciência em todas as cadeias de valor.
9. Cooperação internacional
A colaboração e cooperação internacional são essenciais para enfrentar desafios globais, mobilizar forças complementares, inovação e empreendedorismo, além de promover financiamento, capacitação e compartilhamento das melhores práticas.
10. Abordagens específicas para cada país
A implementação da bioeconomia deve basear-se em abordagens específicas para cada país, conforme as prioridades nacionais e circunstâncias regionais e locais.
A importância da bioeconomia e o papel da VBIO
A bioeconomia oferece uma oportunidade de transformar a forma como utilizamos os recursos naturais, promovendo um desenvolvimento econômico mais sustentável e inclusivo. No Brasil, a bioeconomia é especialmente relevante devido à vasta biodiversidade e ao potencial para desenvolver soluções inovadoras que beneficiem tanto a economia quanto o meio ambiente.
Os projetos de sociobiodiversidade da VBIO são exemplos concretos de como a bioeconomia pode ser implementada de maneira eficiente, alinhada aos acordos e instrumentos internacionais, como, por exemplo, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Esses projetos, ao promoverem a conservação da biodiversidade, o uso sustentável dos recursos naturais e a inclusão das comunidades locais, não só contribuem para um futuro mais sustentável e equitativo, mas também geram um impacto positivo nas economias regionais e na qualidade de vida das pessoas.
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Redação: Candace Bauer
Referências
Iniciativa de Bioeconomia. G20 Brasil 2024.
G20 High-Level Principles on Bioeconomy. G20 Brasil 2024.
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