Projeto Buriti dos Sertões de Minas: integrando conservação e desenvolvimento comunitário
- VBIO
- 22 de abr.
- 3 min de leitura

O Cerrado é um território de rica diversidade biológica e cultural. Suas paisagens abrigam espécies únicas, modos de vida tradicionais e sistemas naturais que garantem o equilíbrio hídrico de grande parte do Brasil. As veredas — faixas de vegetação úmida onde o buriti (Mauritia flexuosa) floresce — funcionam como verdadeiros oásis em meio à paisagem seca. Essas áreas alagadas, também conhecidas como matas palustres, são essenciais para a recarga dos aquíferos, a preservação da biodiversidade e o abastecimento das comunidades locais. O buriti, fonte natural de vitamina A e de óleo bioativo, sustenta práticas extrativistas que beneficiam diversas famílias do bioma.
Fortalecendo cadeias sustentáveis
Coordenado pela VBIO, em parceria com a Cooperativa Grande Sertão e o Grupo Boticário, o Projeto Buriti dos Sertões de Minas atua há 24 meses em pelo menos 50 comunidades do norte de Minas Gerais. O objetivo é profissionalizar a cadeia produtiva do buriti por meio de capacitações, mapeamento de centenas de hectares de veredas e da busca pela Indicação Geográfica (IG), unindo conservação ambiental, geração de renda e fortalecimento social.
O projeto representa uma oportunidade concreta de fortalecer quem valoriza a origem única desse fruto sagrado do Cerrado, oferecendo técnicas de manejo sustentável, formação continuada e conexões com diferentes mercados.
Ameaças e resistência
O Cerrado é um bioma resiliente, formado por uma combinação de savanas, campos e matas que abriga uma fauna e flora singulares. Em meio às longas estações secas, as veredas se destacam como corredores de água e vida, favorecendo a biodiversidade, a agricultura familiar e o equilíbrio climático regional. No entanto, o bioma já perdeu mais de 50% de sua cobertura original, sobretudo devido à expansão da agricultura e pecuária, comprometendo serviços ecossistêmicos essenciais.
O buriti
O buriti é uma palmeira que cresce em áreas alagadas e veredas, amplamente distribuída na América do Sul e adaptada a solos hidromórficos. Sua polpa é uma das mais ricas fontes naturais de vitamina A. Os óleos extraídos do mesocarpo apresentam propriedades antibacterianas e imunomoduladoras, com alto potencial farmacêutico.
Como Produto Florestal Não Madeireiro (PFNM), o buriti representa uma importante fonte de renda para muitos agricultores familiares do Cerrado. No entanto, enfrenta desafios relacionados à rastreabilidade e ao acesso a mercados que valorizem e remunerem adequadamente o extrativismo sustentável.
Impacto local e legado coletivo
Ao mapear as veredas e capacitar extrativistas em técnicas de manejo sustentável, o projeto contribui diretamente para a proteção de áreas estratégicas para a biodiversidade e o ciclo hídrico. Estima-se um aumento no volume de produtos comercializados, beneficiando diretamente as famílias vinculadas à Cooperativa Grande Sertão. A formalização da governança cooperativista e os intercâmbios técnicos fortalecem a autonomia das comunidades e ampliam sua capacidade de negociação.
A Indicação Geográfica (IG) é um instrumento de propriedade industrial que reconhece e valoriza produtos cuja qualidade ou reputação está diretamente ligada à sua região de origem. Com o registro no INPI, o nome geográfico recebe proteção legal. Para o Buriti dos Sertões de Minas, a IG representa uma forma de diferenciar o fruto e os extrativistas no mercado, agregando valor econômico e consolidando a cadeia produtiva local.
Junte-se a VBIO!
O Projeto Buriti dos Sertões de Minas demonstra que é possível aliar conservação da biodiversidade à geração de renda e ao fortalecimento das comunidades tradicionais. Ao valorizar o buriti e os modos de vida que dele dependem, criamos caminhos para um futuro mais justo, sustentável e conectado com a natureza.
Apoiar iniciativas como essa é ampliar a escala da sociobioeconomia e da conservação inteligente. Que mais frutos do Cerrado floresçam.
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